CASOS CLÍNICOS DE JULHO

 

 

Prof. Joaquim Tavares

J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM

joaquim.tavares15@gmail.com

06.07.2008

Casos clínicos de Julho

 

A- uma actualização do caso da consumidora de cocaína que teve um derrame cerebral.

 

Como tínhamos previsto, ela não recuperou e teve que se fazer a traqueotomia.

 Duas semanas mais tarde, a sua condição clínica piorou e já estava num estado vegetativo; a família pediu para desligar o ventilador, vindo a falecer 24 horas depois.

 

Mesmo se tivermos a tentação de “experimentar” com drogas, devemos ter sempre em mente que essa “experiência” pode tornar-se num vício do qual e difícil escapar.

 

E, façam-me um favor: evitem completamente qualquer tipo de droga; mas, se experimentarem, pelo menos controlem a pressão arterial antes de inalarem cocaína (os últimos casos que temos vindo a admitir, são casos de pessoas jovens com tensão alta e que ao inalarem a droga, fazem uma manobra de “valsalva”, consequentemente aumentando a pressão intracraniana, causando assim, a ruptura das artérias/veias cerebrais.

 

 

B- O caso que se segue é uma prova viva de que, não importa há quanto tempo estás a praticar medicina. Há sempre surpresas e “primeira vez “para tudo.

Podem ler este caso no documento anexado (história e exame físico feito por um residente na unidade de cuidados intensivos).

 

 

Vou tentar resumir o caso e realçar alguns pontos importantes:

 

Uma jovem de 24 anos, com atraso mental (mental retardation), foi trazida ao hospital pela mãe, por causa de falta de apetite, astenia e incontinência urinária; o residente dos cuidados intensivos foi chamado por causa da análise de sangue: hemoglobina de 1.6 e hematócrito de 5.2 (foi a primeira vez que vi uma hemoglobina tão baixa; o meu recorde anterior foi de 3.5).

 

Infelizmente, a paciente foi transfundida antes do residente chegar à sala de urgência que invalida os testes para diagnóstico diferencial (nomeadamente a electroforeses da hemoglobina).

 

Geralmente, com este tipo de anemia, um indivíduo normal tem sintomas antes de chegar ao valor de 7.0 (cansaço, palidez, taquicardia, etc.), mas como esta jovem passava o tempo na cama, levou algum tempo a ser detectada.

 

C- Este segundo caso, também de anemia grave, tem etiologia diferente, mas é muito comum (os guineense na diáspora não são excepção, porque muitos tomam aspirina, ibuprofenos e outros anti-inflamatórios que podem causar gastrites, úlceras e hemorragias gastrointestinais.

Podem ler a nota de admissão e a nota de alta dos internos.

 

 

 

Em resumo, trata-se de um jovem de 34 anos, queixando-se de fadiga, fraqueza por 3 meses.

Hemoglobina = 2.9; hematócrito = 10.3 (recorde número 2), MCV = 50.8

O doente teve uma endoscopia e colonoscopia (erosão do antro e hemorróidas); os estudos do ferro (iron studies) mostraram um ferro muitíssimo baixo = 11, ferritina baixa = 2). Uma nota: a ferritina pode ser enganadora, porque em casos de inflamação aguda, mesmo com anemia, pode estar normal ou alta.

Recebeu transfusão e teve alta: ferro e lansaprazole (inibidor da bomba de protão ou PPI (proton pump inhibitor).

 

D- O último caso tem algumas ilustrações e é para, uma vez mais, realçar os riscos da cocaína.

Um jovem de 27 anos, de família “milionária” estava de férias nas Bahamas e resolveu experimentar cocaína; o resultado pode-se ver no TAC e no MRI do cérebro.

 

Imagem 1 -  paciente dependente de cocaína

 

 

Imagem 2- hemorragia provocada pelo consumo de cocaína

 

 

 Imagem 3- Angiograma - derrame

 

 

Imagem 4- MRI - derrame

 

 

Imagem 5-  TAC - derrame

 


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