CARTA AO JORNALISTA ORLANDO CASTRO

 

 

Prezado Senhor,

Após ter lido algumas considerações de V. Exa. acerca da Guiné no Notícias Lusófonas achei que deveria, como guineense e como analista sócio-político, escrever alguns considerandos ao senhor para em particular, pô-lo ao corrente dos deslizes de visão do todo que furtivamente apoderam-se da nossa mente levando-nos a pecar nas nossas análises. Acercando-nos de informações provindas de fontes variadas de nativos e de vivenciadores das questões do dia-a-dia in loco poupam-nos de erros não intencionados. É nessa base que remeto para V. Exa. os meus considerandos sobre o vosso pronunciamento acerca da Guiné, terra que Manuel Maria Sarmento Rodrigues e António Augusto Peixoto Correia muito amavam e tanto referenciavam o seu povo.

Atenciosamente,

Mamadu Lamarana Bari

Guineense de Tchon di Bolama

30.06.2009

 

 

 Mamadu Lamarana Bari

 

mlbarry1@gmail.com

 

30.06.2009

 

Prof. Dr. Mamadu Lamarana Bari

 

Prezado Orlando Castro

 

Sendo o senhor como jornalista do prestigiado jornal virtual da atualidade - Noticias Lusófonas, educador, analista político e formador de opinião sobre diversos temas atuais, venho por este meio considerando o desiderato social por que a Guiné-Bissau passa;

 

1. Considerando o tema do seu artigo jornalístico: "Vergonha lusófona, mas, sobretudo guineense.", considerando ainda o anterior onde fala entre outras coisas da inexistência da Guiné como país, se é que possa chamar-se assim, quando da reunião dos membros da CPLP em Cabo Verde;

 

2. Considerando os meandros políticos em um país viável que querem fazer inviável;

 

3. Considerando o grito da Paz que ainda sufocadamente vem de dentro de toda a família guineense esperando o dia de São Benedito ou de Santa Esperança anunciar;

 

4. Considerando que entre o barulho e a pressa de se sair dela está a Paz a espera de se anunciar;

 

5. Considerando que mesmo com atos estúpidos e ignorantes de precipitados atores políticos amantes do poder, ainda sim, a Guiné tem a sua história para contar. Não apenas as histórias das desventuras que a ocupação estrangeira a impingiu por longos séculos mostrando que havia só uma verdade, a verdade de subserviência e de sofrimento enquanto espólios se faziam sem dó e nem piedade. Mas, também histórias a contar sobre a luta diária do seu povo anos a fio em busca de felicidade;

 

6. Considerando após longos anos de dominação e escravização de seus jovens, mulheres e homens sem que uma alma ocidental pensante (Iluministas) levantasse para dizer basta. Que linguagem se espera que um povo desse possa entender se os responsáveis por essas desventuras tiveram uma sorrateira saída política colocando-se a espreita vendo o circo pegar fogo. O que se assiste hoje na Guiné é a cópia mal xerocada dos bastidores do poder apenas sonhados nos dias de desespero e da esperança de se ver livres dos importunadores de ontem. Qual é a responsabilidade de Portugal e de seus aliados de outrora nesses episódios todo na Guiné? A máxima popular diz que cada um só tem a dar o que tem. O que se deixou no país depois de mais de cinco séculos de dominação é o aprendizado de que governar é a base de ferro e fogo. O Maquiavelismo é ocidental e não oriental ou africana, mas hoje se aplica muito bem nos países outrora colonizados;

 

7. Considerando a leitura que deva ser feita da Guiné-Bissau por outros ângulos que não sejam apenas de olhares infortunados sobre os dados estatísticos sociais e econômicos do pais, porque eles são realidades incontestáveis, o que fazer para ajudar o país a sair disso? Onde estão a ONU, a CPLP, a CEDEAO, a UA? Porque sair de tangente na política internacional quando assunto é a Guiné-Bissau?

 

8. Considerando que em lugar de falar mal de um país e do seu povo por extensão e, posteriormente, estender o tapete vermelho para o seu "legítimo" representante pisar ao ser recebido pelas autoridades estrangeiras que lançam olhares enviesados sobre a sua maneira ingênua e inexperiente de governar, porque não ajudá-lo a se autocriticar e se necessário for ensiná-lo através de experiências vividas a arte de bem governar;

 

9. Considerando que como guineenses dói a alma quando a Guiné é referência de chacota e de maledicência por culpa dos seus sucessivos inconseqüentes governantes;

 

10. Conclamar ao prezado colega a ceder uma ponta da sua colaboração como homem de letras e do saber para a nossa página da Educação ou em outras páginas no site www.didinho.org , a fim de que os guineenses possam conhecê-lo não só como amigo da Guiné-Bissau, mas também pelo desejo de contaminar com a sua opinião a sociedade civil guineense e aos governantes para a partir de suas experiências internas tirarem algo de bom para o melhor da Guiné que propicie a ajudar os guineenses finalmente a alcançarem a Paz duradoura.

 

Antecipadamente agradeço a sua amabilidade e paciência de me ouvir.

 

Bem Haja,

 

Mamadu Lamarana Bari

 


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