CARTA ABERTA A SUA EXA. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE CABO VERDE, DR. JORGE CARLOS FONSECA

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

25.04.2013

Fernando Casimiro (Didinho)Exa. Sr. Presidente,

Venho mui respeitosamente, em nome dos verdadeiros laços de irmandade que unem a Guiné-Bissau e Cabo Verde; os guineenses e caboverdianos, manifestar-lhe a minha discordância, enquanto cidadão guineense (e também, neto e bisneto de caboverdianos, nos quais se inclui, vaidade à parte, o ilustre intelectual e militar, General Viriato Gomes da Fonseca, figura sobre quem estou a escrever uma biografia) pela forma como, na minha perspectiva, as autoridades de Cabo Verde se têm posicionado em relação à crise despoletada pelo golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 na Guiné-Bissau e sugerir-lhe uma nova abordagem sobre a questão, tendo em conta, a vontade expressa por Vossa Exa. em ajudar a Guiné-Bissau a ultrapassar a crise e a encontrar a sua estabilidade.

Exa. Sr. Presidente,

Tenho tomado nota das suas declarações públicas, muito cordiais, na verdade, no que toca à sua vontade, quiçá, de Cabo Verde, em ajudar a ultrapassar a crise na Guiné-Bissau, quer seja no âmbito da CEDEAO, quer da CPLP, da U.A. e da ONU.

Tenho igualmente tomado nota das declarações do Sr. Primeiro-ministro de Cabo Verde, Dr. José Maria Neves, sobre a Guiné-Bissau e que, em abono da verdade, apenas servem para incitar os guineenses, ao direito de resposta e, consequentemente, ao extremar de posições, face à desconfiança sobre a verdadeira ajuda que Cabo Verde pode e deve disponibilizar à Guiné-Bissau nesta fase difícil por que passa.

Sr. Presidente Dr. Jorge Carlos Fonseca, apesar de toda essa boa vontade publicamente manifestada, não deixa de ser igualmente verdade, a meu ver, de que estamos perante uma postura de contraste entre o discurso e a acção, pois se as autoridades de Cabo Verde continuarem com a posição inicialmente manifestada da tese da "tolerância zero aos golpes de Estado" relativamente ao que aconteceu na Guiné-Bissau, numa postura de inflexibilidade tal como defende a CPLP contrariamente à perspectiva da CEDEAO para a mesma interpretação da teoria da "tolerância zero aos golpes de Estado", diria que, será inconsequente a sua boa vontade, quiçá, de Cabo Verde, em ajudar a Guiné-Bissau e os guineenses a se reencontrarem.

Exa. Sr. Presidente Dr. Jorge Carlos Fonseca,

Gostaria de ter visto as autoridades de Cabo Verde a promoverem o diálogo entre os seus irmãos guineenses desde a primeira hora da crise despoletada pelo golpe de Estado de 12 de Abril de 2012!

Cabo Verde tem afinidades "quase totais" se me permite a expressão, com a Guiné-Bissau e vice-versa, que desaconselham radicalismos de posicionamentos, sejam quais forem as situações e, independentemente de influências e pressões externas em função de interesses meramente económicos ou geoestratégicos em causa.

A minha sugestão, Sr. Presidente Dr. Jorge Carlos Fonseca, é também um pedido e vai no sentido de viabilizar, de tornar realista a vontade de Cabo Verde em ajudar a Guiné-Bissau, pois estou certo de que Cabo Verde é um Estado soberano, que tem voz própria no concerto das Nações e, por isso, não resume os seus posicionamentos apenas em função das decisões das Comunidades regionais e multilaterais de que é Estado-Membro.

Exa. Sr. Presidente,

Sugiro-lhe, em nome das afinidades "quase totais" entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau, que dirija um convite oficial à Sua Exa. o Sr. Presidente da República de Transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, para visitar Cabo Verde, para ouvir pessoalmente o que ele tem para dizer sobre o actual contexto da Guiné-Bissau; para saber da parte dele, o que a Guiné-Bissau precisa, por forma a que Cabo Verde possa de facto ajudar.

Estou certo de que esse convite iria igualmente aliviar as tensões que se têm vindo a criar entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau, dois países a que pertenço, quiçá, dois povos a que, igualmente pertenço e abrir uma nova era de relacionamento entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau!

Tenho certeza que ninguém o julgará por um posicionamento coerente de quem tem manifestado interesse e disponibilidade para ajudar, na medida do possível, a Guiné-Bissau.

Cabo Verde, estou certo, Sr. Presidente, não precisa de orientações externas sobre a sua política externa, nem receia represálias, sejam quais forem, sobre as decisões que toma e que se assentam na base da sua soberania.

A intransigência da tese da "tolerância zero aos golpes de Estado" não se aplica no actual cenário da Guiné-Bissau e contrasta com a vontade manifestada em ajudar a Guiné-Bissau, pois que, quem quer de facto ajudar, ainda que não tenha que reconhecer explicitamente as autoridades que dirigem a Guiné-Bissau, deve, no mínimo, criar canais de comunicação com todas as partes do problema, até porque se tem falado muito sobre a inclusão, para assim se tentar arranjar a a melhor solução para o problema.

Cabo Verde deve mostrar que sabe distinguir Situações entre situações, face ao realismo do que se tem em presença.

Muito obrigado pela atenção e queira aceitar os votos de muita saúde e sucessos na sua nobre missão ao serviço de Cabo Verde e dos caboverdianos.

Fernando Casimiro (Didinho)

A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho


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