“ CAMÕES NA GUINÉ ”

 

Por: Isabel Maria da Costa (Nety) 

14.12.2008     

O século XXI proclama-se por arrasto, como período da revolução tecnológica, a era da inteligência artificial, sustentada pelo tão privilegiado e desenvolvido cérebro humano, que cada vez mais, se distancia menos da “perfeição”. Sujeito à abnegação característica da condição humana para a insatisfação e o inconformismo.

Em prol da evolução, surgem as revoluções após os primeiros sinais da degradação dos conceitos preexistentes, que mal começam a manifestar uma certa inoperância auto-bloqueiam a própria liberdade para imaginação, sensibilidade e a auto-criatividade. 

Nesse conjunto de temas que se interligam, ressalta-se para a importância do aparecimento das primeiras universidades, que remonta à antiguidade, com o objectivo de desafiar os limites dos mais ambiciosos e inconformados pensadores da época, a testarem suas potencialidades sobre o projéctil da mente humana na sua vertente mais caprichosa e multifacetada.

Por assim dizer, houve necessidade de uma pré-análise, focar os pontos acima mencionados para uma breve avaliação, como ponto de partida para o que se segue.

Tanto que assim, é legítimo afirmar, que as culturas produzem-se com base em propósitos de coesão e de auto-sustentabilidade. Vejamos: assistimos ao frenesim incessante das revoluções num ritmo alucinante! As tradições assumem novas dinâmicas e preenchem novos contornos, adaptáveis ou não, conforme as realidades, bem como, o conceito das universidades, que não perde a sua tradição e continua a adaptar-se a cada época para o preenchimento das necessidades vigentes. Porém, com uma subtil particularidade de servir interesses sob vestes de instituições públicas, que automaticamente converter-se-ão em empresas geradoras de lucros e benefícios.

Actualmente falando, a globalização, terminologia que dispensa apresentações, onde as realidades adoptam uma nova dinâmica e expansão, um tanto transcendental no que toca à competitividade, apesar de, algumas mais conservadoras que outras, sendo a colectividade das empresas a tónica central, o “fruto proibido” na era das incertezas, ligadas ao burburinho de investimentos e aos ganhos avultados em tão curto espaço de tempo.

Inevitavelmente, a Guiné-Bissau de novo no centro da temática. Recentemente saída das eleições, numa tentativa de se organizar e ansiosa por sair das margens para navegar no oceano ou mar das incertezas ao ritmo das marés e rumo ao progresso. Imbuída de projectos, sonhos forçados... e a necessidade de se afirmar e alistar como passageira, até quem sabe, tornar-se maquinista no comboio do futuro, não se redimindo apenas, como mera espectadora a ver navios!

No entanto, é preciso constatar que, já existem muitos marinheiros de longas e duras viagens, com seus veleiros apetrechados com as últimas tecnologias de ponta, que mesmo assim, ainda perdem a rota nas suas prazerosas passeatas, pior ainda, quando o mar se revolta e resolve cobrar as facturas!

Obviamente que, toda e qualquer sociedade tem uma cotação acrescida e mais-valia aquando do lançamento de pedras e criação de infra-estruturas para fazer face às novas exigências, projectadas no sentido do desenvolvimento e sem abdicar da cumplicidade do factor qualidade-equidade, nessa óptica, dir-se-á, bem-haja ou bem-vindo! Mas, é preciso coerência e um pouco mais de imaginação.  

O mundo é feito de sonhos, moldados e adaptáveis à realidade nele projectado. Se assim não fosse, mal seria do homem!  

Repare-se, inclinou-se muito na divulgação de projectos de “modernices”, contudo, em momento algum, devemos perder o senso da realidade, pois, tudo tem um princípio, meio e fim, mais ainda, quando se trata da abrangência de uma sociedade como um todo, havendo questões-chave que requerem destaques e resoluções pontuais, por exemplo: a estruturação e credibilização séria do ensino básico, das instituições públicas e outros... a agricultura, afim de minorar a carência alimentar, não permitindo fissuras para a fome que espreita a cada dia que passa e “tectos” dignos!... Por conseguinte, uma vistoria extensiva e exaustiva ao “Pentágono Amoroso”, que engloba os referidos sectores: das finanças, pesca, madeira, turismo, petróleo (ah, o povo não entende nada disso, deixe para lá...), que têm servido essencialmente para abastecer alguns bolsos para caprichos mundanos nas grandes metrópoles... Esses sim, por sinal, ficaram reservados para momentos oportunos, com propósitos de serem discutidos em privado com potenciais “empresários” nacionais, no papel de sanguessugas, tremendamente corroídos pela fome de abocanharem as comissões/louros das transacções, à partida, condenados ao fracasso na sequência da falência precoce, ex real: práticas mesquinhas levadas a cabo pelo Conduto, o então genro do actual presidente. Em certos casos, tratando-se de projectos de (ONG) que visam apoiar o desenvolvimento na área social ou ajudas direccionadas ao povo guineense, isto é, para os mais carenciados, bom... (a minha parte? Se não há, espreme até cair...)! Tudo por culpa da má postura, falta de rigor e transparência no cumprimento do dever, que se traduzem em ganhos pessoais, favoritismos, “ tapar buracos ” nos desfalques das suas práticas abusivas, ou simplesmente, remediar suas trapalhadas por falta de experiência, vaidade ou narcisismo. E quem sabe, o mais certo, engordarem suas contas bancárias noutros confins do mundo.

         Os interessados no consórcio, na sua maioria esganados por luxos principescos nos “Oásis-paradisíacos” sob a tutela da liberdade incondicional, para os seus belos prazeres e escoarem os seus bens de primeira necessidade (inteligências), assim como, bens materiais de “segunda”, com direito a subordinados e... Ainda, sob suspeitas, criação de empresas e sociedades fictícias para negócios e outros fins obtusos...contrabando e vendas ilícitas de drogas, estupefacientes no balcão central do ministério público, a cargo dos respectivos funcionários (os nigerianos “experts” no mercado de Bandim)!

          Entretanto, denota-se que, de entre muitas promessas, a criação de mais uma universidade!

Tratar-se-á de uma universidade privada ou pública e com tempo de vida útil de 8 a 4 anos para uma posterior privatização?

Isto porque, se considerarmos a debilidade do Estado guineense como gestor principal, isento de estratégias, e que infelizmente não se tem criado imunidades para as tosses convulsas de que padece há já muito, obviamente que estamos perante um investimento de risco, embora, acreditando tratar-se de um projecto há muito na gaveta ou seja, resgatado!

Na volta, uma universidade científica para super-dotados, não?

Com direito ao pequeno-almoço: o pó da terra batida em direcção ou no percurso da mesma; e o jantar: o apagão da noite, por falta de energia eléctrica.

Quê? Caixa de previdência para o período pós governação e para maiores de 70 anos? 

A ter em linha de conta, a esperança média de vida dos guineenses... inferior aos 60 anos ou nem isso! 

Servirá de refúgio ou palco de lazer para nova faceta de Reitor no período da pré-reforma? Ou para saldar dívidas?

          A previsão de mandato será para 20 anos? Ou será, pura ânsia para destapar o mármore na data da inauguração?            

         Ó olhinhos meus que Deus me deu, façam-me enxergar qualquer coisa que não estou vendo nada (alentejano)!...Ver para crer.

O Estado guineense não tem nenhuma participação nas universidades que por aí existem? Então, para que servem as leis, regulamentar não?

 

 Porventura, salienta-se para a relevância que Amilcar Cabral teve, como um marco histórico, um dos expoentes máximos no que diz respeito à auto-afirmação de um povo-Estado independente, e continua a ter ainda hoje, por entre os guineenses e por esse mundo fora. Por isso, deve merecer muito respeito e elevada consideração da mais alta estima. Daí que, as honras e as homenagens à sua memória deveriam ser dignas de qualidade extrema, com expressões da sua grandeza e altruísmo. E sobretudo, proporcionais aos sonhos idealizados.

A sua memória deve ser vangloriada e eternizada no passeio das Virtudes sim, de forma consciente e memorável por aqueles que partilham dos mesmos ideais, preferencialmente, numa ocasião especial, de calmaria, paz e sossego, sem sinais de inquietudes ou meros oportunismos (última tendência, a febre das universidades, dos gravatinhas-professores desempregados de Portugal, com salários equivalentes...), que o Sócrates já tem pelos olhos! Ora essa, os nossos também andam por aí a catar pedras enquanto esperam por melhores dias! Ué!...

Que se saiba, previa-se o regresso de Dom Sebastião no solstício, e não do poeta Camões, muito menos, nas matas da Guiné! Tudo Guiné, tudo Guiné...

         

          A Guiné, como não perde uma única para imitar e mal, alinha nessa, é o que está a dar.

Não basta falar do Amilcar, é preciso entender os seus pensamentos e a sua forma de pensar como fundamentos exequíveis. Isto, para aqueles que abraçam os ideais dele como forma de ensinamento, expressões de liberdade, forma de luta, igualdade e progresso, para que possa ele regozijar onde quer que esteja, e por fim, descansar em paz! Afinal, ele transcendeu-se por acreditar em sonhos e na liberdade. Que assim seja, que o positivismo dos ideais dele nos guie, para mais, na ausência de referências incontestáveis!  

 Como sugestão:

– Criação de uma Biblioteca Nacional ou Central credível e de incentivo, que irá dinamizar a nossa sociedade para a Cultura do saber, que abranja um público diversificado, assente na divulgação de ideais colectivos numa perspectiva mundial, em destaque, homenagem para o Abel Djassi.

– Um Museu ou pavilhão da cultura para exposição de material recolhido ou solicitado para a instrumentalização e o despertar de interesses para conhecimento aprofundado da sua obra. Espaço para discussões, reflexões e encontros de personalidades no ramo da política e outros...

        Assim que, cabe a todos o juízo de valores, para que o destino nos brinde com a lucidez nos momentos da decisão pelo que de melhor há. Pensem nisso!

        Sr. Cadogo, pelos votos de confiança que o povo guineense depositou nas urnas pelo PAIGC e em sua pessoa, provem que de facto os merecem.

        Observe e bem os seus calcanhares de “Aquiles” a ver se não acarretam pequenos estercos da lúgubre “caverna ” donde infelizmente fazia honras à casa como “o menino prodígio”!!!  Vá que necessite pôr em prática os ensinamentos de Cabral, resolva recorrer às técnicas infalíveis e retrógradas do prof. Vieira?

         Pelo súbito amor à Pátria e pelos prejuízos que deu, você (arrisco dizer), como maior detentor do capital-património do Estado guineense, evidentemente por coação e em nome do Nino, deveria prestar serviço comunitário. Na sequência dos benefícios, usufrutos e privilégios de que goza (incrementação da fortuna pessoal), prestações de serviços gratuitos e de qualidade, e não os 101 anos de perdão!

No entanto, existem outras alternativas!... Devoluções e exemplos.

 

         Será o PAIGC escolhido, consciente e fiel às suas origens?

Então: A trabalhar...se necessário usar camisas de força e decretar estado de demência, NÔ BAM KU EL !!!

Será a compatibilidade/coabitação uma realidade? A ver, vamos!

 

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