A PROPÓSITO DA ENTREVISTA DE FRANCISCO FADUL À SIC NOTÍCIAS

 

 

 

Luís Aníbal Araújo Pereira Vaz Fernandes “Montanha”

11.04.2009

 

 

Caro Didinho, ainda bem que retomaste este tema. A minha opinião sobre o Fadul é semelhante à que tinha sobre o Nino: Os dois não mudam, nem melhoram, pelo contrário pioram!

 

Esta entrevista mostra, a imagem real do Fadul após a guerra de 1998, do salvador da pátria, com uma "missão divina" a cumprir, único defensor da verdade. Como mestre da oportunidade, agora está apostado em tirar proveito político deste incidente, acusando e apontando culpados, criando teorias conspiratórias, justificando e branqueando a figura de Nino Vieira, figura que tanto criticou, atacou e prometeu trazer à Guiné para ser julgado e condenado. Ainda me lembro das descobertas macabras das valas comuns de Jugudul, das juras de justiça, as prometidas diligências do PGR Amin Saad de solicitar a extradição do ditador.

 

A tolerância ou "submissão" perante o poder militar começou com o 7 de Junho, no GUN que Fadul presidiu, onde existia uma Co-Presidência, com direito a cartaz e sede própria. O Fadul dependia do A. Mané para tudo e em todos os aspectos, não esqueçamos que enquanto os políticos e os civis fugiam da guerra com as suas famílias, Fadul refugiou-se na Base aérea, para assegurar o seu tacho, criticou e arrasou a pessoa de Nino de quem disse ser amigo pessoal e colaborador.  Com o acordo de Abuja aparece como PM, imposto pela Junta Militar, ultrapassando os políticos e deputados dos partidos eleitos pelo povo e representados na ANP.  O massacre de CIFAP Bandé aconteceu com Fadul como PM, o assassinato de Nicandro Barreto aconteceu no seu mandato, mas não houve qualquer investigação para apurar responsabilidades. O Relatório sobre o tráfico de armas (provocou a guerra) foi apresentado na Assembleia e ficou-se por lá, o Ministério Público nada fez até hoje!  A moralidade do Fadul foi-se abaixo com a auto-atribuição de subsídios milionários a cada membro do seu Governo, como prémio pelos serviços prestados à nação.

 

Depois veio para Portugal, Doutorou-se; criou um Partido que acabou por não legalizar; refugiou-se no PUSD; regressou a Bissau, perdeu as eleições para depois incompatibilizar-se com os veteranos do PUSD, tendo então decidido construir o seu quintal: PADEC. Nas duas eleições legislativas Fadul nunca foi eleito deputado; nas Presidenciais foi arrasado na primeira volta; negociou e facilitou a vitória do Nino, de quem passou a ser defensor e Conselheiro, participando e orquestrando todas as manobras e jogos de poder, para derrubar o governo do PAIGC e do CADOGO.  Com o seu tom autoritário e crítico, partiu a loiça toda prometendo revelar em conferência de imprensa as razões da renúncia ao cargo de Conselheiro do PR. Depois deu o dito por não dito porque o Nino deu-lhe o posto de Presidente do Tribunal de Contas. Fez alaridos em torno da utilização indevida de fundos do Estado por parte do Martinho N’ Dafa Cabi, para custear a estadia deste no Líbia Hotel e as despesas da festa/recepção pela aprovação do Programa de Governo, também criou alguns alvoroços exigindo a justificação da proveniência dos fundos de campanha do PRID, mas tudo ficou po aí. O assassinato do Lamine Sanhá; o mandato de prisão do deputado Carlos Gomes Jr.; o espancamento do Dr. Silvestre Alves; a perseguição e refúgio de um jornalista e de um activista dos direitos humanos (Apoio a vítimas de Erros judiciais); o assalto dos militares às instalações da PJ, onde libertaram os presos e assassinaram o agente detido pela morte de um militar, tudo isto aconteceu sem qualquer posicionamento do Dr. Fadul.

 

Nunca mais voltou a criticar o Nino, pois o Fadul sabia que o dinheiro do narcotráfico já corria por toda a Guiné-Bissau, perante a indiferença e apatia conivente dos governantes, judiciários e militares, chegando alguns deles a envolver-se no tráfico. Apenas o Koumba Yalá se pronunciou e teve que fugir. Com o Fadul ao lado do Nino, deram-se os escandalosos processos de desaparecimento de cocaína no Tesouro público e da carga dos aviões da Venezuela considerados como medicamentos. Em todos estes casos os militares ditaram regras e mandaram, assim como davam ultimato ao Presidente para demitir membros do seu staff (Baciro Dabó). As ameaças do Tagme à ANP e aos seus deputados; os famosos “200 homens e 400 cucus”; o desarmamento e expulsão dos “aguentas” como guarda presidencial. Tudo isso, são demonstrações do real poderio militar que vinha da Junta Militar de Ansumane Mané, herdado pelo Veríssimo, passado para Tagma Na Waie e agora confiado ao Zamora Induta. Mas só aparece o contestatário, o sabe tudo, pedindo a demissão do governo, forças de intervenção das Nações Unidas, para quê? Para ser convidado a ser Primeiro-ministro, numa nova Transição de dois ou três anos, com fundos internacionais a jorrar, para no fim fixar mais outro subsídio multimilionário que lhe garanta a reforma.

 

Fadul foi sempre submisso, perdedor de eleições, mas tem um grande sentido de oportunidade, mal foram marcadas as datas das eleições (lá está ele outra vez, nas luzes da ribalta), conseguiu estar como gosta de estar, no meio das atenções. Mas o povo, esse espera-vos nas urnas, a dica que vos deixo, é que Ganhem eleições para poder governar, se Deus quiser, nunca mais teremos períodos de transição ou GUN, pois a estabilidade deverá reinar no país.
 

Sou militante do PAIGC, tenho noção das responsabilidades do nosso governo neste delicado momento, tenho intactas a confiança política na figura do CADOGO e a esperança que continue a conduzir calmamente todo este processo, até elegermos um Presidente e assim todos os poderes instituídos, para depois acelerar o processo de reforma e modernização das forças armadas. Não é novidade para ninguém que o poder está ao alcance dos militares. Não completaram o golpe de Estado por receios e por incompetência.

Lançar suspeitas sobre um hipotético complot do CADOGO e ZAMORA, para assassinar Tagme e Nino, para instaurar uma ditadura, é no mínimo paranóico, lunático e descabido. Concordo que se faça uma investigação internacional, para assegurar a independência dos trabalhos e dos resultados; para punir exemplarmente os responsáveis, sem mais mortes nem torturas. Conheço pessoalmente Cadogo e Zamora, e considero-os como capazes de trazer um novo relacionamento e posicionamento entre o poder político e o poder militar, ambas personalidades representam a passagem de testemunho da geração da luta, para a geração do pós-independência.

 

Sugerir a demissão de um governo eleito com maioria qualificada e lançar acusações sem provas, é totalmente irresponsável, podendo agravar a actual crise político-militar, incendiar os ânimos e gerar o caos. Agora pergunta-se: Não estará em curso, uma ofensiva para provocar um ambiente de descrédito do governo e gerar a confusão total, que exija a tomada de medidas mais drásticas e finalmente justificar uma intervenção militar internacional?

 

É importante pressionar politicamente para acelerar os trabalhos das comissões de investigação, exigir ao governo a garantia da segurança no país, através dos Polícias e confinamento dos militares aos seus quartéis.

 

É esta a leitura e as conclusões que tiro desta jogada política do Sr. Francisco Fadul, no seu jeito oportunista, demagogo e irresponsável.

 

Um abraço, caro Didinho, peço desculpas antecipadas, por algum excesso de linguagem ou expressão inadequada.

 

 LUÍS ANÍBAL

 

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