A PROBLEMÁTICA DA FUGA DE CÉREBROS EM ÁFRICA: DESAFIOS E SOLUÇÕES

 

  

 

Por: Arnaldo Afonso da Costa *

Colaboração de Glória Castelhano

Montemor-o-Novo, 10 de Julho de 2008

 

 Já todos sabemos que os recursos naturais presentes no continente africano continuam a ser alvo de cobiça e ambição das potências estrangeiras que exploram ao máximo estes recursos, tendo em vista, apenas o seu próprio desenvolvimento económico e não, como seria de esperar, uma melhoria das condições de vida das populações locais.

O que nem todos têm consciência é que também os recursos intelectuais de África são aliciados a viver e trabalhar nos países mais desenvolvidos. Quando dizemos são “aliciados” não significa que na maioria dos casos exista uma estratégia pensada pelos países mais desenvolvidos para retirar a África a sua riqueza intelectual mas simplesmente ao dar-lhes melhores condições de vida, profissionais e liberdade de expressão estão colaborar no empobrecimento intelectual desse continente. Para dar um exemplo do quanto este facto pode ser prejudicial para a África basta falar dos Estados Unidos, que se tornou na maior potência mundial devido a vários factores, um dos quais foi a fuga de muitos intelectuais europeus nos anos que antecederam a segunda guerra mundial e durante a mesma, dos quais o mais conhecido foi Albert Einstein. Estes intelectuais procuraram refúgio nos Estados Unidos que não só lhes assegurou as condições necessárias para trabalharem como reconheceu os seus méritos.

Sabemos que saem todos os anos milhares de jovens de países africanos e, em particular, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (por exemplo: Guiné-Bissau, S. Tomé Príncipe, etc.) com bolsas de estudos para estudarem em universidades estrangeiras. O que seria um investimento no desenvolvimento desses países, tornou-se mais um factor de empobrecimento porque a maioria destes jovens estabelece-se nos países que lhes deram a formação sobretudo nos países ocidentais. E então colocamos a questão: porque é que alguns governos africanos não racionalizam o seu investimento nos recursos humanos, trabalhando em cooperação com as embaixadas dos países de acolhimento para acompanharem mais de perto estes jovens durante e pós o período de formação.

Após o término dos estudos, os governos deveriam criar uma estratégia no sentido de ajudá-los a regressar e integrá-los no sector da sua área de formação a fim de contribuírem para o desenvolvimento do seu país natal. É sabido que os governos não podem empregar todos os quadros formados tanto ao nível local como no estrangeiro. Daí, sugerimos a criação de uma linha de crédito para que esses jovens possam iniciar o seu próprio negócio e trazer uma nova dinâmica empresarial, criando novos postos de trabalho e por conseguinte, contribuírem para gerar mais riquezas.

Para tal, os quadros formados apresentariam os seus projectos a uma entidade independente do governo que faria a avaliação dos mesmos. Os melhores projectos seriam financiados tendo em conta as reais necessidades do país nos seus diferentes sectores e regiões como também a sustentabilidade dos mesmos.

Os recursos humanos são a maior riqueza que um país pode ter, desde que acarinhados, respeitados e motivados para dar o seu melhor em prol do desenvolvimento do país.


*Professor de TIC do ensino básico e Secundário (Ministério de Educação – Portugal). Especialista na área de Educação, Cooperação e Desenvolvimento e Licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática pela Universidade do Minho – Portugal.


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