ALIENAÇÃO DOS GOVERNOS AFRICANOS

(um paradoxo humilhante)

 

 

 

Bacar Queta *

Bacar Queta

quetaqueta2@yahoo.com.br

São Paulo, 03 de Outubro de 2009

 

A África enquanto continente historicamente conhecido como berço da humanidade tem sido objeto dos grandes maquiavelistas – potencias europeias - para garantirem infielmente as suas sobrevivências.

Abordando a África, concretamente a ocidental, vê-se que a colonização foi extinta hipocritamente, mas segundo os documentos internacionais, continua viva, disfarçada de globalização.

Há anos que os africanos são considerados bichos, irracionais e infiéis pelos colonialistas, os mesmos que escravizaram e torturam de todas as formas os africanos, explorando ao longo de séculos o continente africano.

Abusada e cruelmente tentaram acabar com a cultura e historia maravilhosa de África, oficializando as narrativas que descrevem a história africana aquando das suas chegadas, sendo até que alguns historiadores a consideram sem história.

Este processo secular que vitimou o povo africano e a África continua presente, fazendo de África um continente selvagem, de fome, guerra, AIDS, Paludismo etc., para ensaios de estudos científicos.

À luz desse horror houve uma justa revolta, pelos mais lúcidos africanos, para afirmação da dignidade do povo africano e libertação do continente da exploração dos insaciáveis colonizadores.

Por força da razão e sofrimento a luta dos africanos pela independência dos povos e do continente africano, que custou milhares de vida, foi vencida com dignidade.

Porém, há uma nova estratégia dos colonialistas em relação a África e aprimorando as suas políticas de exploração apostam na alienação dos governos africanos, constituídos em maior parte por cidadãos africanos sem orgulho, dignidade e obcecados pelo poder.

Entre a transição democrática e o regime ditatorial caracterizado por constantes sobressaltos ao poder, corrupção, aniquilação de ativistas dos Direitos Humanos através de perseguição, aprisionamento, assassinato, levam à tona a presença de política exploradora dos velhos colonizadores que ainda estão a exportar armas  para o continente africano em troca de petróleo, madeiras, peixes e demais recursos naturais que os sustentam, facilitados pelos alienados governantes africanos.

A recente barbaridade cometida pelo regime ditatorial na Guiné Conakry, no passado dia 28 de Setembro e que vitimou centenas de cidadãos que se manifestavam contra a ilegitimidade do governo ditador, cujo presidente, capitão Moussa Dadis Camara, está inventando estória para se candidatar, algo que publicamente dizia que não iria acontecer, pois estaria a preparar eleições para entregar o poder aos políticos. Hoje, alienado pela política francesa e intoxicado por outros presidentes ditadores, quer violar a sua própria palavra e as ordens constitucionais que regem o Estado da Guiné Conacry.

Os africanos precisam de se reencontrar para poderem pensar com as suas próprias cabeças sobre o desenvolvimento do continente, mas isso requer fundamentalmente reformar os líderes infiéis, corruptos e sanguinários para implementar uma democracia participativa que favoreça um desenvolvimento de inclusão produtiva, onde seja respeitada a voz do povo e a participação efetiva da mulher na vida política, social e cultural numa dimensão mais ampla. Considero também importante para a devolução da liberdade territorial do continente africano a cooperação Brasil/Africa, o Brasil é a única potência que está desenvolvendo uma política de cooperação honesta para o bem do povo africano, que por um lado faz parte da história do povo Brasileiro.

 

* Guineense, Presidente do FACOLSIDA,  Intercâmbista do Programa de Direitos Humanos da Conectas em São Paulo, Brasil

 


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