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A inteligência do homem
Por: Adulai Indjai
15.02.2008
O homem tem a tendência de julgar os erros dos outros, justificar os seus, e corrigir os daqueles, cujos pensamentos, tem poder de influenciar. Mas, a natureza humana é reconhecida universalmente como muito complexa. A liberdade do pensamento de cada um é que faz o universo das ideias, de todos os tipos, mistura esta, que dá a dinâmica natural ao cérebro e que leva o homem, em determinadas condições, a ser intelectual.
As mudanças que têm sido protagonizadas pelo Homem, fazem pensar, e provam, que o ser humano é o ser mais inteligente do universo. As grandes alterações efectuadas com o intuito de melhorar a sua forma de viver, investindo em desenvolvimentos tecnológicos de elevados padrões, construindo e fabricando coisas continuamente, podendo hoje fazer viagens de um planeta a outro, tendo a capacidade de clonar tanto seres humanos como animais - desafiando os poderes sobrenaturais -, esse mesmo homem que constrói, pode destruir de um momento para o outro, todo o manancial de trabalhos desenvolvidos há milhares de anos a fio.
Hoje em dia, fazem-se debates de ideias à procura de soluções aos mil e um problemas com que a humanidade se vê confrontada - doenças como a Sida, o câncer, entre outras cujos estudos custam milhares de milhões em qualquer moeda - mas ninguém conta o tempo que o homem dispensa para encontrar apenas uma solução dentre as muitas que deve descobrir. Ao lado dos combatentes pela erradicação das doenças encontram-se os que se batem para salvar vidas indefesas, os que desempenham a função de “despertadores” lembrando aos grandes “predadores” que o mundo está chegando ao fim graças à poluição ambiental. Há os que questionam quando é que a fome vai acabar nos países do terceiro mundo, contrapondo-se aos que passam a vida a gastar dinheiro em luxos de toda a ordem. Todos estes ingredientes fazem do mundo uma grande maravilha cheia de paradoxos.
Neste universo de diferenças o homem questiona sobre tudo o que se passa à sua volta. Certamente encontraria explicações concretas a todas as suas inquietações se conseguisse fazer a soma do tempo perdido a lutar para obter tudo o que quer, chegando mesmo a tirar vidas para alcançar um ou outro objectivo. Estamos todos no mesmo espaço onde cada um pode analisar e julgar os seus actos e ver até que ponto o homem pode chegar. De que vale um homem morto?
Mas como diz um ditado, actualmente os homens possuem relógios mas nunca têm tempo. O tempo foi dividido em 24 horas que cada ser humano pode usar para fazer obras que justifiquem a sua presença neste mundo, mas nunca chega a aproveitar devidamente esse tempo. Há homens que passam o tempo a trabalhar, outros nem sabem que o tempo passa porque, simplesmente, não têm nada de especial com que ocupar o tempo. Falando da ocupação há os que estão fechados em prisões para o resto das suas vidas consumindo o seu tempo a pensar no passado, sem poder perspectivar o futuro, ou a ler enquanto esperam tocar o alarme da morte natural. No entanto, noutras partes do mundo, há os que nasceram numa terra onde as “sirenes” não param de tocar, “sirenes” que vêm das armas, armas que fazem parte do desenvolvimento do intelecto do homem cujo objectivo é defender os mais fracos dos abusos dos mais fortes. Demagogia dos fabricantes das armas.
Donde vem a supremacia do homem sobre o seu semelhante? Do poder das armas? Do poder da inteligência? Ou, do poder económico?
Estas questões nunca terão uma resposta exacta. Como se pode justificar a vitória de uns e o desespero de outros? Os europeus optimistas, dizem que o futuro da humanidade encontra-se em África, mas que os africanos confundem o valor da riqueza natural com a riqueza material. Tudo isto leva a concluir que o homem com o passar do tempo tenta descobrir diferenças entre vários temas, como a mentira e a verdade; o útil e o inválido; o poderoso e o frágil; o corrupto e o honesto; a democracia e a ditadura... Mas, em todo o caso, o problema reside na forma como cada homem vai expondo as suas fraquezas e as suas aptidões em relação às suas necessidades. O excesso é um mal para tudo. Mesmo o excesso da riqueza.. No entanto, o remédio desse mal é a moderação.
Será que o homem vai ser capaz de encontrar respostas para todos os problemas? Cada dia surge uma situação que carece de solução. Dantes falava-se da guerra fria, hoje estamos na era do terrorismo religioso, mas ninguém fala do terrorismo económico, terrorismo da fome, da miséria... Quem está interessado em investir milhares de dólares para acabar com o terrorismo da fome nos países em desenvolvimento? Hoje, em toda a parte são gastos milhares de dólares para tentar combater uma guerra sem inimigo comum. Quem é o mais terrorista, quem tenta combatê-lo ou quem é chamado terrorista?
Em cada ano que passa vimos a incapacidade do homem tomando lugar da sua inteligência. O homem vive mergulhado num mar enorme de problemas, onde a palavra construir uma família tornou-se crime, e o divórcio virou moda; mitos e mistérios ocupam lugar da justiça em países em vias do desenvolvimento; o estatuto de refugiado cresce cada vez mais; o sonho de alguns fica por realizar, sem falar dos problemas a nível da educação.
Os políticos vão prometendo, todos, a famosa mudança aos pobres eleitores. A felicidade e o bem-estar deixaram de fazer parte do quotidiano; a solidariedade e a cumplicidade perderam o barco para o século vinte um, o amor perdeu sabor e o cheiro das rosas da época dos nossos avós... Não posso citar tudo neste pequeno artigo mas pergunto: É com tudo isto que podemos considerar-nos vitoriosos? Não acredito. Considero que não passamos de simples inocentes lutando contra a nossa própria felicidade.
Findo este meu pequeno artigo deixando muitas perguntas sem resposta, convido-vos a participar num debate à procurar de encontrar respostas a todas estas questões que para alguns é um delírio ou psicomania, mas acho que todos os leitores ou cronistas que participam neste espaço de debates de ideias terão uma palavra a dizer.
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO |
