A GUINÉ-BISSAU E OS GUINEENSES ACIMA DE TUDO!

 


 

quinta-feira, 10 de Junho de 2010

Hombridade*

A semana que passou trouxe (espero que esta a leve para bem longe) uma pequena altercação entre eu e o Didinho. De facto, falhei quando toquei num tema delicado e que um dia nos tocará a todos. Peço desculpa ao Didinho e toda a sua família. E peço igualmente desculpa aos leitores, quer do site www.didinho.org quer do blog ditaduradoconsenso. E peço igualmente desculpa aos colaboradores do ‘Contributo’, guineenses de bem. Como todos nós.

De facto, não somos feitos todos da mesma fibra. Eu fervo em pouca água. Quem me conhece sabe que assim é. Mas não sou uma pessoa má. E, para complicar as coisas, vivo e exerço a minha profissão num País pouco tolerável – a todos os níveis. Aqui, sobrevivo e luto contra os instintos. Em suma: vivo num País de alto risco. E acho até que todos os que vivem na Guiné-Bissau deviam ser bem pagos para aqui viverem. Não é fácil. Sei também que não é fácil ser daqui e viver longe daqui.

Há alturas em que sei que a minha vida corre perigo. Tento proteger-me. Mas proteger-me como? Simplesmente vagueio pela cidade. Os amigos de sempre continuam os mesmos. Os conhecidos também. Alguns, poucos, por causa das circunstâncias extraordinárias que o País vive, afastaram-se. Entendo-os. Espero que voltem. Eu também não quereria estar perto deles pelo simples prazer de estar. Há dias, nunca escrevi isto, quando publiquei a notícia sobre a ordem para a libertação do barco ‘Lamu Star’, tive que pedir – e foi-me dada – protecção policial. Três agentes foram-me destacados. À paisana. Mas depois pensei e, educadamente, agradeci. Nasci sozinho. Hei-de morrer sozinho. ‘Nino’ Vieira tinha mais segurança do que alguma vez vou ver na minha vida. Entretanto, todos sabemos o que aconteceu.

De facto, não fiz mais do que aquilo que o próprio Didinho pediu: ‘Porque é que o António Aly Silva não escreve sobre o narcotráfico?’. Bom, a pergunta do Didinho é perfeitamente natural e tem toda a razão de ser. O que me deixou um pouco zangado, foi o facto de o Didinho ter feito essa pergunta no seu site, portanto publicamente. Um e-mail bastava, e podíamos até trocar informações... Eu, nunca publiquei nada no ditadura do consenso contra o Didinho. Entretanto, chegam-me diariamente e-mails com todo o tipo de coisas contra o Didinho, e contra a minha pessoa. Simplesmente, não publico nem de um nem de outro. E nem respondo à pessoa. “Eles que escrevam ao Didinho directamente, ele tem lá todos os seus contactos” – é o que costumo pensar. Imodéstia à parte, acho que tenho pensado bem.

Entretanto, o Didinho já publicou inverdades escritas por terceiros sobre a minha pessoa, com acusações patéticas vindas de alguém que, ainda que me visse todos os dias, não me conhece de verdade. Mas, pronto, ao menos teve um efeito bom: fez-me rir a bandeiras despregadas.

Depois, bom, depois foi o que se viu. Nunca perguntei ao Didinho sobre a sua profissão e nem me passou alguma vez pela cabeça fazê-lo. Nunca falei da vida pessoal do Didinho porque não a conheço e nem me interessa. Da sua vida privada, também não. No ditadura do consenso, tudo tem que ver com quem governa – não há nem nunca houve ataques a pessoas sem qualquer responsabilidade pública. Não precisava de provar nada, escancarando tudo - quem me conhece sabe o meu percurso profissional. E eu tenho orgulho em mim.

Posto isto, quero dizer a todos as pessoas que me conhecem e me estimam: podem continuar a contar comigo, como profissional que sempre fui. Tive, em todos estes anos de jornalismo, dois processos judiciais e todos ao serviço de «O Independente»: um, movido pela filha de um destacado estadista africano; outro, por um ex-ministro da Defesa de Portugal. Ambos foram sanados – civilizadamente, em tribunal, sem derramamento de sangue...

Outra coisa que gostaria de deixa bem claro: não estou preocupado em ter nenhum cargo público na Guiné-Bissau – não quero. Se um dia souberem do contrário, aí sim, podem acusar e insultar. Mas, por favor, não ponham a carroça à frente dos bois.

Este País, acreditem, está mesmo acima da minha pessoa. Há mais milhão e setecentos mil guineenses. Gente que, como eu, ri - ainda que às vezes sem saber porquê; Gente que chora também, muitas vezes sabendo porquê. Não me vendi no passado, hoje muito menos. Acreditem no que escrevo. O blog pertence ao jornalista António Aly Silva. Acontece que esse sujeito nasceu há 44 anos num País chamado Guiné-Bissau. E o António Aly Silva apenas ama o seu País. Por mim, acaba tudo aqui.

António Aly Silva

(*) Nobreza de carácter, dignidade...
 

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

10.06.2010

Fernando Casimiro (Didinho)Acedi há pouco ao blog Ditadura do Consenso, não para ver se o jornalista António Aly Silva tinha escrito algo sobre mim, mas para ver se havia alguma das novidades que só ele consegue obter e disponibilizar aos seus leitores.

Vi um texto sobre as nossas recentes divergências e, entre esclarecimentos, pedidos de desculpas a mim e à minha família, mas também, aos leitores do site www.didinho.org bem como, do blog http://ditaduradoconsenso.blogspot.com/.

Fico contente pelo gesto digno do Aly e aceito as suas desculpas. Tal como ele, dou também por encerrada a polémica que nos desgastou a todos e que não se recomenda!

Os guineenses devem discutir, divergir, debater os problemas do país, mas tendo sempre em conta se essas discussões, divergências ou debates serão úteis ou prejudiciais ao país.

É óbvio que somos muitos que acedemos diariamente ao blog do Aly. Habituamo-nos a tê-lo como um dos bons combatentes desta nova luta pela mudança positiva na Guiné-Bissau e gostaríamos de tê-lo sempre do nosso lado. Foi a estranheza na interpretação de alguns textos seus mais recentes que motivou a minha indignação, tendo provocado a polémica que todos sabem. Se António Aly Silva nada significasse para os guineenses, certamente não teria feito questão de "confrontá-lo", mas fi-lo, no intuito de chamá-lo à razão, para que continuasse/continue a ser combatente de causas nobres da nossa terra. O jornalista António Aly Silva é uma referência da Guiné-Bissau e queremos que seja sempre pela positiva!

Aproveito a oportunidade para apresentar as minhas desculpas a todos quantos, por uma razão ou outra, magoei nesta polémica, em especial ao jornalista António Aly Silva e os leitores do blog  http://ditaduradoconsenso.blogspot.com/ e do site www.didinho.org.

Os meus agradecimentos ao Aly Silva pela sua "hombridade" e a todos quantos se posicionaram, de um lado ou do outro, a propósito desta polémica.

Devemos dar as mãos para melhor servirmos a Guiné-Bissau e os guineenses!

Peço ao António Aly Silva e a todos os guineenses e amigos da Guiné-Bissau, que, se um dia estranharem algo nos meus posicionamentos, na minha forma de defender a Guiné-Bissau e os guineenses, não hesitem. Chamem-me à razão, porque todos somos humanos e, por isso, sujeitos a desvios!

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO

associacaocontributo@gmail.com

www.didinho.org