ÁFRICA - 25 DE MAIO DE 1963 A 25 DE MAIO DE 2009...

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

25.05.2009

Fernando Casimiro (Didinho)A 25 de Maio de 1963, 32 Chefes de Estado de países africanos reunidos em Addis Abeba, Etiópia, por iniciativa do Imperador Hailé Selassié, criaram a Organização da Unidade Africana. Em 1972, a Organização das Nações Unidas instituiu o dia 25 de Maio como Dia da Libertação de África. A 9 de Julho de 2002, a Organização da Unidade Africana deu lugar à União Africana.

De 25 de Maio de 1963 a 25 de Maio de 2009, 46 anos se passaram, sem que os principais objectivos traçados e definidos como prioritários quer pela Organização da Unidade Africana, quer pela União Africana, tivessem sido minimamente cumpridos. Infelizmente, nem mesmo no tocante à erradicação do colonialismo nas suas várias formas, se pode falar em cumprimento de objectivos, pois o Narcotráfico de Estado que caracteriza muitos países africanos nos dias de hoje, é também uma forma de colonialismo!

Os objectivos da OUA, expressos na sua Constituição eram:
  • Promover a unidade e solidariedade entre os estados africanos;
  • Coordenar e intensificar a cooperação entre os estados africanos, no sentido de atingir uma vida melhor para os povos de África;
  • Defender a soberania, integridade territorial e independência dos estados africanos;
  • Erradicar todas as formas de colonialismo da África;
  • Promover a cooperação internacional, respeitando a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos;
  • Coordenar e harmonizar as políticas dos estados membros nas esferas política, diplomática, económica, educacional, cultural, da saúde, bem estar, ciência, técnica e de defesa.

Fonte: www.wikipedia.org

 

Objectivos da União Africana

A União Africana tem como objetivos a unidade e a solidariedade africana. Defende a eliminação do colonialismo, a soberania dos Estados africanos e a integração económica, além da cooperação política e cultural no continente.

Fonte: www.wikipedia.org

 

Dói muito saber que África tem tudo o que nem todos os outros continentes têm no tocante à riqueza em matéria de recursos naturais e pouco tem a nível de riqueza em relação aos recursos humanos, o verdadeiro gestor de todos os recursos naturais.

A colonização só foi possível porque na altura já havia degraus a nível do desenvolvimento humano. Não pretendo abrir espaço neste texto para ir à procura das razões, se é que há fundamentos científicos para essa explicação, do porquê dos povos europeus terem conseguido conquistas científicas relevantes no percurso tecnológico mundial que, sem  dúvida, lhes possibilitou a expansão e a consequente colonização de outros continentes e povos.

A colonização europeia no percurso de 5 séculos, foi marcante principalmente no tocante à ocultação do conhecimento aos povos africanos. O que o europeu sabia, só em último caso o ensinava ao africano e, sempre, no intuito de melhor servir o seu próprio interesse, de forma que, a evolução dos povos africanos foi sempre condicionada pela colonização.

Também não me vou alongar sobre as consequências dos 5 séculos de colonização europeia em África, pois o actual contexto político, social e económico de África impõe-nos uma nova abordagem sobre o porquê de uma África que simboliza os expoentes máximos da contrariedade entre a riqueza e a pobreza dos países; o bem-estar e a miséria das populações.

Da África dos nossos dias impõe questionar, exigir respostas, trabalhar, lutar todos os dias, para que os direitos da pessoa humana consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem sejam cumpridos.

 ENTRE A VISÃO REVOLUCIONÁRIA E O OPORTUNISMO PÓS-REVOLUCIONÁRIO: 46 ANOS DE MISÉRIA!

Da África dos nossos dias, com muitos valores a nível dos recursos humanos, espalhados por todo o mundo, impõe questionar até quando os africanos permitirão que o oportunismo pós-revolucionário da geração de ditadores e corruptos continue a subverter as conquistas de uma revolução de ilustres africanos que batalharam pelo fim do colonialismo em África e pela melhoria das condições de vida e do bem-estar dos povos africanos.

Da África dos nossos dias, impõe continuar a questionar aos governantes africanos para quando a aplicação em África, das receitas dos recursos naturais de África, na criação de postos de trabalho, Alimentação, Energia, Água, Educação, Saúde, Habitação, entre outros direitos básicos das populações africanas.

Da África dos nossos dias, impõe questionar aos governantes africanos sobre o real conceito de solidariedade africana que consta dos objectivos da União Africana.

Deve essa solidariedade ser entendida como sendo a solidariedade entre os ditadores africanos?!

Se hoje, 46 anos após a criação da Organização da Unidade Africana, África continua a simbolizar riqueza em recursos naturais e pobreza em recursos humanos, a responsabilização aplica-se aos próprios governantes africanos que continuam a privilegiar a ignorância dos seus povos; a fome, a doença e a morte no seio das populações, tudo para que uma elite de "gente fina" continue eternamente dona do poder de todo um povo que, ignorante e moribundo, jamais poderá reivindicar os seus direitos de cidadão, incluindo, o direito de viver...!

Ser africano não implica apenas culpar o europeu ou o americano por isto ou aquilo em relação a África, fingindo não saber a quem responsabilizar directamente...

Hoje em dia, os piores inimigos de África são os próprios africanos que beneficiando de contrapartidas dos ditadores e corruptos governantes africanos, ficam indiferentes e silenciosos perante a triste realidade dos factos, por demais evidentes, ou ainda, se encarregam de arranjar bodes expiatórios através dos registos históricos para justificar o que nos dias de hoje é injustificável...

Vamos continuar a trabalhar!

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