A Educação na Guiné-Bissau: O domínio do caos

 

Por: Pensador

01.10.2008 

Nesta altura em que paira mais uma ameaça de greve no sector da educação e em que o ano lectivo continua sem data prevista de início, urge uma breve reflexão sobre a situação da Educação no nosso país.

São anos de total anarquia neste sector. Já não temos um ano lectivo completo há tempos nas escolas públicas, com passagens administrativas como norma desde os tempos de pesadelo de Kumba Yalá.

Os programas encontram-se totalmente desactualizados. Já não se altera o currículo do ensino secundário há anos, apesar dos avanços tecnológicos por este mundo fora. A preocupação dos últimos ministros tem-se limitado ao pagamento dos salários dos professores (e nem isso têm conseguido). Alguém me explica que sistema educativo poderia sobreviver aos últimos ministros que têm ocupado a pasta da Educação? Houve uma clara redução de importância dos ministros desta pasta (aliás de todos os governantes ultimamente). Que país é este que se dá ao luxo de não contar com pessoas da categoria de Alexandre Furtado, Manuel Rambout Barcelos, Fátima Silva, Wilson Barbosa, só para citar alguns, que já deram mais que provas da sua competência e honestidade? Porque insistimos em promover a mediocridade?

O ensino básico, que era um dos sectores que funcionava razoavelmente bem, com bons programas, apoiados por excelentes professoras do ensino básico (a maioria com formação em magistério primário em Portugal), com uma escola de formação de professores (17 de Fevereiro) funcionante, com livros já feitos no país por autores guineenses (num excelente exemplo de cooperação com a Suécia na editora escolar), encontra-se em decadência acentuada.

O défice de formação de professores é evidente. A Escola Tchico Té atravessa cada vez mais dificuldades para formar professores do ensino secundário.

O INDE encontra-se vetado ao abandono.

A maior fatia do Orçamento do Estado continua a ser para os militares e administração interna num mundo onde o conhecimento é a arma do presente e do futuro. Coisas nossas, parafraseando Jorge Ampa.

O que seria do país sem a ajuda de escolas como "Escola de Padre", escola Solidariedade ou Liceu João XXIII? Que país é este que desejamos  construir?

Como se não fosse suficiente, o país embarcou na irresponsabilidade de criar uma Universidade do nada, sem uma preparação prévia e sem ter assegurado os níveis prévios do sistema de ensino. Mais uma vez não seguimos o exemplo dos nossos irmãos de Cabo-Verde, que andam há anos a preparar, com bases sólidas, a sua primeira Universidade pública.

A factura da irresponsabilidade será paga por todos nós a longo prazo.


 

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